O padeiro que fingiu ser rei de Portugal

Em 1578, D. Sebastião de Portugal perdeu a vida numa desastrada ofensiva para libertar o Marrocos do domínio dos mouros, dando início a uma crise sucessória que levou à perda da soberania de Portugal para a Espanha. Editora e professora na Universidade de Stanford, Ruth MacKay investiga o mito do sebastianismo, a crença do povo português de que o rei estava vivo e regressaria ao país, e conta a história do impostor Gabriel de Espinosa, ex-soldado e padeiro de ofício que, sob as instruções de um distinto frei português, aparece em um convento espanhol dizendo-se D. Sebastião, 16 anos após a morte do monarca. 

No livro, a autora desmascara a conspiração, marcada por esquemas absurdos e um longo inquérito e questionamentos legais, e mostra como mitos como o do sebastianismo vêm à tona. A pesquisadora revela como a história de Sebastião, supostamente escondido e planejando seu retorno para reclamar a coroa, se mistura com outras histórias: Profecias que falam da volta de reis, freiras sequestradas e mantidas em cativeiros pelos mouros e monarcas que morreram pelo seu reino. 

À medida que vai revelando a conspiração, MacKay mostra ao leitor que nada seria possível sem a divulgação das notícias, uma reformulação da história da fatídica batalha, uma rede de rumores e correspondentes predispostos a acreditar que Sebastião realmente sobreviveu e que um dia retornaria. 

Ambientado em uma corte sórdida, repleta de intrigas, ambições, freiras insatisfeitas e um clero corrupto, O padeiro que fingiu ser rei de Portugal vai cativar os leitores ao mesmo tempo que joga uma nova luz na intricada relação política e cultural entre Espanha e Portugal no começo do período moderno e esclarece a natureza das nem sempre claras verdades históricas.